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A Alma Imoral

4 nov

“Existe em nós uma tendência de querer agradar a nós, aos outros e à moral de nossa cultura. Com isso vamos gradativamente nos perdendo de nós mesmos.”

Um tecido. Oito figurinos completamente diferentes. Nudez e um texto que desconstrói e reconstrói conceitos milenares da história da civilização.

Em cartaz desde 2006, a peça é uma adaptação do livro homônimo, escrito pelo Rabino Nilton Bonder e encenada pela atriz Clarisse Niskier.

Clarisse começa a peça explicando como conheceu o livro e porquê decidiu adaptá-lo para o teatro. E antes que a gente espere, ela diz que, a cada pausa que ela fizer para beber água, o público poderia pedir a repetição de qualquer uma das passagens ou frases do monólogo. Para isso, seria preciso dizer apenas uma palavra contida no trecho. – Quando interage com o público, a atriz rompe com o conceito de “quarta parede”, muito usado no teatro.

 Clarisse, que usava um vestido preto, despe-se e, antes que a nudez da personagem comece a nos incomodar, ela começa a peça. A transgressão que o texto propõe rapidamente nos faz esquecer o corpo nú no palco.

A idéia da peça é  reconstruir os significados de “corpo”  e  “alma”,  “traição” e “tradição”, de“preservação” e “evolução”. Para o autor, a alma é diferente do corpo, porque é imoral. A verdadeira alma é desobediente e busca romper com a moral estabelecida. Essa “alma” é representada pela rebeldia e pela mutação. De um outro lado, a tradição é um instrumento importante para a preservação da espécie humana. Representada pelo corpo, pela conformidade e adaptação.

A preservação de algumas tradições pode ser uma grande traição a nossa alma. Ao mesmo tempo que transgredir pode ser uma traição ao nosso corpo, a nossa preservação. Mas sem traição, não há evolução.

Com o auxílio de um longo tecido, a atriz prepara diferentes vestes que ajudam a compor os personagens de cada parábola contada. A criatividade do figurino é de Kika Lopes.

Outra coisa que me chamou muita atenção foi o texto claro e muito bem falado da atriz. A preparação vocal é de Rose Gonçalves. O cenário, de Luis Martins, com fundo neutro, uma cadeira e um cubo, onde a atriz descansa um copo de água, dão espaço para que a apareça o mais importante da peça: o que Clarisse Niskier tem a nos dizer.

“Entenda-se por infidelidade tanto o rompimento de compromissos como a manutenção dos mesmos de forma destrutiva.”

A ALMA IMORAL

Leblon

Teatro do Leblon

Até 18 dez 2011
qui, sex e sáb 21:30 | dom 20:00
qui e sex R$ 50.00; dom e sáb R$ 60.00

No twitter: @Open_Closet

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